Subindo

Buracrônicas
3 min readJun 11, 2021

Ana Júlia Soares Coelho e Ludmila Galdino Batista

Quando se quer chegar a um lugar alto é normal que se use algo para te auxiliar. Alguns usam elevadores ou escadas rolantes, outros usam paragliders, aviões ou cordas. Os buraconenses usam uma escada quando querem subir, ou até descer, dentro da comunidade.

Assim como a vida, é preciso ascender, subir, ir ao alto para alcançar seus objetivos. Quando somos crianças, aprendemos que crescer é sinônimo de nos tornarmos responsáveis. Responsáveis o suficiente para ficarmos sozinhos em casa e não fazer bagunça, irmos à padaria ou ao mercardinho comprar algo para nossas mães ou até mesmo pegar o busão sozinhos. Tudo para uma criança é um pouco preocupante para os pais. Eles sempre se atentam em saber se ela já está com idade ou maturidade suficiente para fazer o que deseja. Esse pensamento abrange até mesmo o subir e o descer de uma escada.

Acontece que morando no Buracão, onde mal-mal existem ruas ou calçadas, é normal que os pais não se preocupem com as escadas, mas com os becos e vielas pelos quais seus filhos estão passando. As escadas em si, ao invés de serem uma preocupação, agora trazem alívio para os pais, já que seus filhos podem usar seus degraus para flutuar na imaginação.

É com este intuito que alunos do primeiro ano de arquitetura e urbanismo da Univale estão trabalhando para reformar artisticamente a escadaria do Buracão, incrementando nela figuras e imagens que representassem a infância, a visibilidade e a alegria da criançada em todos os seus degraus.

Simbolizando seus pequenos passos que levam ao infinito, os primeiros degraus da escadaria terão formas simples e geométricas, como um jogo de tabuleiro, para que as crianças possam brincar no próprio chão com pedrinhas, folhas e o que encontrarem. Isso, para que possam interagir entre si e em harmonia no espaço.

Já o crescimento será acompanhado por brincadeiras que todos nós, quando crianças, amamos! Os pequenos irão brincar de “casinha”, “carrinho”, “fogãozinho”, “mamãe e filhinha” e outras brincadeiras que fazem parte da nossa infância.

Já crescidos, os últimos degraus representarão as crianças maiores, os jovens e os adultos que quando passarem por lá irão se deparar com uma mensagem motivacional ao longo dos seus próximos passos. Nessa parte da escadaria as letras das mensagens contemplarão estilos infantis, já que, afinal, até mesmo os jovens adultos são crianças por dentro.

A ação dos universitários incentivará a criatividade das crianças e a coragem aos jovens e adultos durante os seus dias.

Os degraus que por muitas vezes passam despercebidos, com cautela e atenção, podem tornar o ambiente mais divertido e leve. Agora é mais legal olhar pra baixo quando vislumbramos chegar onde queremos. E a chegada, ao fim da escadaria, exibirá os resultados que foram promovidos no desenvolvimento das crianças do Buracão.

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Buracrônicas

Blog criado com o objetivo de transformar em palavras o que as mentes incessantes dos alunos da Univale sentem sobre o projeto SOS Buracão